sobre mentiras e verdades

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a mentira sempre foi mais atraente pra mim. mas na maioria das vezes eu escolhia a verdade. escolhia quando minha vida dependia disso. quando a vida de outra pessoa dependia disso. escolhia a verdade quando esta – mesmo mais dolorosa – era a coisa mais justa. como também escolhi a mentira algumas vezes porque achava mais justo. o que me guiou, sempre, foi o meu próprio senso de justiça, nunca se a coisa era certa ou errada. porque contar a verdade é fundamental, mas querer ouvir a verdade não depende de quem conta. o outro pode preferir a mentira. e aí, cabe a você decifrar esse sentimento. e decidir, se é justo ou não, contar o que a pessoa quer ouvir. ou se ela merece, por justiça, ouvir a verdade. ninguém é deus, ninguém é dono de verdades, mas muitos se arvoram o privilégio de saber verdades. eu prefiro ser dono de mentiras. porque ninguém gosta de ser chamado de mentiroso – nem eu. mas o grande mentiroso não tem a desconfiança de ninguém. ninguém sabe que ele mente. já o grande contador de verdades, vive sob desconfianças… porque ninguém acredita que alguém conte sempre a verdade. então, qualquer história mais ou menos absurda, é olhada com desdém. e ninguém acredita.
então, o que seria pior: ser chamado de mentiroso, quando você é, ou ser chamado de mentiroso, quando você não mentiu? se eu fosse mentiroso, ficaria indignado por alguém acreditar em mim e me chamar de verdadeiro? depende. se eu assumo o que sou, me irrito quando me chamam do que não sou. se sou covarde ou não sei quem sou, não posso me irritar quando me chamam de algo que não sou, ou se eu sou um grande mentiroso. invariavelmente, não minto. isso porque eu me esqueço das coisas que invento (por isso virei escritor, tenho a chance de me reler). e um mentiroso precisa sobreviver. se esquecer o que inventa, será pego em contradição depois. eu evito a mentira por questão prática. serei pego depois, por puro esquecimento.
como disse, a mentira é mais sexy. mas escolho a verdade, por sobrevivência. doa a quem doer. sou direto, porque não sei fingir, porque se soubesse, fingiria para proteger quem não quero machucar. sou sincero mesmo quando não preciso, porque se não for, me esquecerei do que disse, e direi outra coisa depois (provavelmente a verdade dessa vez). ser assim me fez amargo, duro, e contraditoriamente ou não, me fez mais livre. e feliz. porque minha felicidade reside na liberdade. e liberdade pra mim é poder escolher. eu escolhi dizer a verdade.   

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