jornalistas, grécia, emprego e bolinhas de papel

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o desemprego na grécia registra 25%. mais do que o dobro da média da zona do euro. um grupo de jornalistas decidiu tomar o assunto em suas mãos. e os profissionais de imprensa resolveram criar empregos para eles próprios.
alguns jornalistas desempregados não fizeram como parte da categoria, que entrou em greve durante vários dias. são manifestantes que querem a readmissão de dois apresentadores que foram exonerados por terem criticado um ministro por supostas torturas policiais a militantes anarquistas.
os desempregados de que falo são outros. e preferiram o caminho da solução independente. em vez de marchar pelas ruas, em protestos contra medidas de austeridade do governo, este grupo de jornalistas resolveu fazer algo que desse resultado imediato para eles.
tornaram-se editores de um jornal novo, que fez sua estreia em atenas há algumas semanas. o novo jornal,  efimerida ton sintakton – o jornal dos editores, em grego – é controlado e gerido por jornalistas.
principalmente por aqueles que trabalhavam num dos jornais mais vendidos da grécia, o eleftherotypia, ou, liberdade de imprensa, em grego. jornal que fechou e deixou 850 funcionários sem emprego. um terço deles, jornalistas.
nikolas voulelis, diretor do periódico, disse que o projeto começou justamente pelos antigos funcionários do “liberdade de imprensa”. um jornal que passou por uma crise terrível e fechou. eles criaram uma cooperativa, contribuíram do próprio bolso e começaram esta iniciativa de fazer outro tipo de jornal. 
a editora de saúde, danny vergou, falou ter trabalhado nos últimos 15 anos para o liberdade de imprensa. ficou um ano desempregada com o fechamento dele. “eu sou mãe solteira, minha filha tem cinco anos. eu precisava trabalhar. também é muito importante ser livre como jornalista e não ter nenhum interesse por trás do que você escreve”, explica danny.
 o editor internacional, nikolas zirganos concorda. para ele o mais importante é ser independente. é a primeira vez que algo assim é feito na grécia.
“eu vou comprá-lo”, disse o ateniense gerasimos moskopoulos. “quero ver a diferença de cobertura jornalística com eles”.
agora, no jornal dos editores, são mais de 130 jornalistas do antigo periódico trabalhando neste novo. cada um contribuiu com mil euros para iniciar o negócio. 
a liberdade de imprensa, como se sabe – mas não se espalha – é, invariavelmente, uma liberdade de empresas de famílias. 
são feudos de mídia. 
e quando surge algo como esse da grécia, mesmo que por necessidade, há que se elogiar. e uma coisa é certa: uma bolinha de papel será tratada como bolinha de papel, não como um atentado terrorista.

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