íris

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espelhos não existem. são nossos olhos que refletem. 
o que podemos ver. 
algo dentro de nós recebe ou devolve aquilo que percebemos. posso chamar de alma? inconsciente. subconsciente?
deve ser sub. tem de estar bem abaixo de tudo o que é tangível. há pessoas cujo olhar é um refletor. você olha, e se vê. 
e olha bem fundo, querendo decifrar aquela pessoa, mas ela devolve exatamente o que você mais teme : devolve você mesmo.
por isso, quando olhei para ela, compreendi o que eu era, compreendi meus ataques de ausência. meu medo de ver meus segredos inconfessáveis, meus defeitos mais terríveis.
até pensei e tentei parar de encará-la. mas ela, suavemente, com um beijo terno no rosto, a mão erguendo meu queixo, me fez vê-la. na verdade, ver-me. 
e o que vi surpreendeu-me. no reflexo invertido de sua íris, vi-me uma sombra disforme. senti-me incompleto, enquanto eu a via concreta, fixa, inabalável. ela é ao mesmo tempo a luz e o edifício. eu, a sombra. ela: carne e poesia. 
eu: nem sei. 
sei que espelhos não existem.

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