A incrível história de Si, o maior jogador de todos os tempos

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Sidnei Soriano Sucupira. Ou simplesmente Si. Ele foi o maior jogador de todos os tempos da história do futebol. Si foi maior do que Pelé. É que a imprensa da época sempre teve preconceito com o Si. Criaram até um slogan para difamá-lo: “Si não entra em campo, Si não joga”. Maldade pura. Si entrava em campo o tempo todo. Na verdade foi o jogador que mais entrou em campo. Único a jogar futebol profissional, em alto nível, até os 72 anos. Nascido em 1º de janeiro de 1942, Si começou sua história no futebol em 1950. Era gandula durante a Copa do Mundo no Brasil com apenas oito anos de idade. Teve sorte de acompanhar todos os jogos do Brasil no campo. Viu grandes vitórias do escrete brazuca. Na final, no recém-inaugurado Maracanã, Si foi escalado para trabalhar no jogo. O Brasil estava de branco no dia 16 de julho, às três da tarde. Friaça fez 1×0 logo no início do segundo tempo. Aí, a genialidade de Si aflorou. Ele já havia visto a habilidade do uruguaio Ghiggia. E correu para avisar Bigode. Si chegou perto do brasileiro e falou: “Bigode, o Ghiggia é mais rápido que você… quando ele ameaçar o drible, dê um puxão na camisa dele. Quando ele tentar de novo, jogue o corpo em cima dele. Faça falta de novo”. Bigode olhou para o garoto de oito anos e sorriu: “Claro, moleque!”
Evidente que Bigode não iria fazer nada. Dito e feito. Ghiggia deixou Bigode na saudade e cruzou para Schiaffino. 1×1 no Maracanã, incrédulo. O garoto foi lá e avisou de novo. Dessa vez, receoso, Bigode considerou parar Ghiggia com falta. Nada muito agressivo. Só uma faltinha. Aos 34 do segundo tempo, Ghiggia avançou de novo pela direita. Bigode estava nele. Si, então, gritou: “Vai nele, Bigo!!” Bigode foi. Ghiggia passou por ele mas o brasileiro conseguiu puxar o calção do uruguaio, que caiu. Falta. O jogo prosseguiu assim, com Bigode fazendo faltas em Ghiggia até que Ademir trocou de lugar com Bigode para seguir com as faltas em Ghiggia. O jogo acabou. Com o empate, o Brasil se tornou campeão do mundo pela primeira vez. O garoto Si vibrou e se sentiu responsável direto por isso. A partir dali decidiu ser jogador de futebol.

Si foi maior do que o Rei Pelé, mas ninguém acredita no Si.
Si foi maior do que o Rei Pelé, mas ninguém acredita no Si.

Si tem uma lista imensa de contribuições para o futebol brasileiro, tendo jogado em mais de 10 clubes diferentes no país. Com ele em campo nenhum time brasileiro perdeu uma final de Libertadores, ou perdeu, jamais perdeu, para o Boca Juniors em fase de mata-mata. Na seleção, a carreira seguiu igual. Em 1974, Si avisou Zagallo sobre como jogava a Holanda. Zagallo não deu bola, mas Si confabulou com os jogadores da seleção e tudo mudou em campo. O Brasil venceu por 2×1, de virada, um gol de Si e outro com passe dele. Na final, um massacre. Si e companhia botaram a poderosa Alemanha na roda: 7×1, a maior goleada da história das Copas numa final. Si marcou 4 gols. Na copa da Argentina em 78, Si driblou dois hermanos, aos 44 do segundo tempo, e marcou o único gol da vitória brasileira. Na final contra a Holanda, nova vitória. O Brasil já era hexa. Em 82, o único time que rivalizou com a seleção de 70 entrou em campo contra a Itália. Si estava no banco porque estava com 40 anos. Telê Santana queria colocar Paulo Isidoro no lugar de Serginho. Mas Si pediu para entrar: “Eu resolvo”. E entrou. Nos acréscimos, cruzamento na área. Sócrates pulava para cabecear, mas Si tomou a frente do Magrão e cabeceou primeiro, tirando do goleiro italiano Dino Zoff – que também tinha 40 anos. 3×3 e Brasil estava na semifinal. Depois, o Brasil se consagrou campeão pela sétima vez. E o país se assumiu de vez como o dono do futebol arte, organizado, inteligente, bonito e vencedor.
Si sempre resolvia. Ele foi responsável pelo primeiro título de Libertadores do Corinthians, em 99. Na disputa de pênaltis avisou para Dinei bater no meio do gol. E na última hora trocou de lugar com Vampeta. Si bateu e fez. Si conhecia onde Zinho costumava bater pênaltis e avisou o goleiro Maurício, que pegou. Depois de se livrar do Palmeiras, o Corinthians passou pelos outros times e foi campeão. Em 2000 a campanha se repetiu. Outra vez o Palmeiras, outra vez decisão nos pênaltis, dessa vez na semifinal. Si não deixou Marcelinho bater a última cobrança. Ele mesmo fez isso e marcou: 5×5. Aí, nas alternadas, Rogério bateu e Dida pegou (dica de Si). Luisão bateu e fez. Corinthians outra vez superou o rival, avançou na Libertadores e conquistou o bi. Si foi o herói de novo, com 58 anos.
Si contribuiu com diversos títulos de clubes brasileiros. Na final do brasileiro de 1980, Si jogava pelo Atlético-MG. Ao lado de Reinado era o artilheiro do campeonato. Reinaldo foi injustamente expulso, só por ter reclamado de um impedimento. O Flamengo só precisava de uma vitória simples para ser campeão. Estava 2×2. O time carioca fez mais um. Mas, nos acréscimos, Si arrancou pelo meio e chutou de longe… gol e título para o Galo. Assim era o Si. Ele sempre entrava em campo e decidia. Mas por algum motivo desconhecido, a imprensa o ignorava. A Fifa o ignorava nas premiações. A CBF idem. Si marcou mais de 1,4 mil gols. 1406 pra ser exato.
Em 2014, na Copa do Mundo no Brasil, Si foi convocado, mesmo tendo 72 anos. Ele só jogava 15 minutos, mas sempre decidia as partidas. Felipão só chamou Si por causa de um impressionante clamor popular. Felipão queria levar Jô para ser reserva de Fred, mas acabou tendo que aceitar Si, à contragosto. Si não entrou em campo na primeira fase. Nem nas oitavas, nem nas quartas. Na semifinal, no último treino, Si jogou seus 15 minutos de sempre. Marcou três gols. Mas o treino de Felipão era só para enganar a imprensa. E para o lugar do contundido Neymar entrou Bernard. O primeiro tempo acabou 5×0 para os alemães. Felipão não colocou Si em campo. Dessa vez, realmente, o Si não entrou em campo, porque se entrasse, não mudaria nada. Si chorou no vestiário. Ele insistia que sabia como vencer a Alemanha. Mas ninguém quis ouvir um velho de 72 anos. Si anunciou sua aposentadoria do futebol no dia seguinte. Disse que queria ser presidente da CBF no futuro. Mas sabe como é, né, o pessoal sempre acha que o Si não joga, que o Si não entra em campo. Também vão achar que o Si não resolve nos bastidores da bola…

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