pai: o que é ser bom nisso? (não sei o que estou fazendo!)

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Pai: o que é ser bom nisso?

Como é? Existe uma definição que sirva para todos? Existem alguns conceitos do que é ser um bom pai que acompanham, por exemplo, a moral, a lei e a ética do momento e do país.

Mas, do meu lado (ocidente, latino, brasileiro…) uma coisa que sempre disseram nas novelas, filmes, séries, à boca pequena, ou grande, é de que um bom pai é provedor.

Pois bem, acontece que isso sempre foi uma coisa que nunca fez sentido pra mim. Este post é sobre minha dificuldade de entender como é ser um bom pai (de menina).

(a partir daqui usarei letras minúsculas, como quase sempre)
Pai: o que é ser bom nisso? - George Augustus Freezor é um pintor britânico (1838-1905), e seu quadro, baby's bath time, é de 1871. O que vejo no quadro é um pai participando do banho do bebê, mas quem está dando o banho é a mãe.
Pai: o que é ser bom nisso? George Augustus Freezor é um pintor britânico (1838-1905), e seu quadro, baby’s bath time, é de 1871. O que vejo no quadro é um pai participando do banho do bebê, mas quem está dando o banho é a mãe. No entanto, não sei se esse pai também dá banhos na criança. Mas ao menos ele não está em outro canto da casa lendo jornal e ignorando esse momento de intimidade e criação de lembranças com sua criança. Ele está lá.

Pai: o que é ser bom nisso? Não faço a mínima ideia…

ser um bom pai é um desafio. mas não porque vi isso num livro sobre o assunto. a grande questão, pra mim, é justamente o início da afirmação: saber o que significa ser um bom pai.

eu posso achar que sou um bom pai, meus amigos podem achar isso, mas somente se tivermos a mesma ideia do que é ser um bom pai, e somente se eu estiver seguindo à risca aquilo que acredito. mas e se o que eu acredito não for o bom? se for meio bom?

é uma reflexão filosófica muito complexa e longa para um post. então, vou começar pelo senso comum, o básico.

Pai: o que é ser bom nisso? – seria alimentar, vestir, fornecer o necessário para que a criança possa crescer e viver adequadamente em sociedade? isso inclui educação escolar também.

tá, entendi…

…mas isso é algo que a mãe pode fazer (e faz na maioria das vezes melhor). não tem algo que só o pai possa fazer? algo exclusivo, sei lá.

bom, no início, nos primeiros anos, o que um pai pode fazer é compartilhar, é fazer o que a mãe faz (tirando a parte da amamentação), é dividir o trabalho.

também é estar de bom humor quando ela não estiver…

…é estar calmo quando ninguém mais estiver, ou não demorar muito para se desculpar de um momento de raiva (porque pais também estressam).

também é ser parceiro mesmo, não dono da verdade. um pai pode fazer algo só dele quando a criança precisar de uma perspectiva masculina.

é a única coisa que temos.

somos homens. é a única coisa que nos diferencia de uma mãe. e seja lá o que isso signifique, um homem tem suas peculiaridades, afinal, são séculos de um mundo patriarcal, machista, em que fomos ensinados exaustivamente de que éramos melhores que as mulheres.

e agora, os bons pais precisam desaprender logo isso de ser melhor que mulher para não ensinar errado os filhos, principalmente se o pai tiver uma menina.

Pai: o que é ser bom nisso? – explicando as perspectivas

não sei se foi essa doutrinação, ou se é a genética comportamental, mas os homens têm características, maneiras próprias de ver e entender o que veem. é isso que eu chamo de perspectiva masculina.

essa perspectiva, mais agressiva, mais objetiva, pode ser vista em mulheres também, mas não é o comum, o senso comum. não estou fazendo uma análise antropológica. como eu disse no início, essa reflexão está partindo do básico, do senso comum.

então, repito, essa característica pode ter sido criada pelo patriarcado e se desenvolvido durante séculos, mas o fato é que por natureza ou por imposição sociocultural, essa característica que citei antes, existe.

e agora ela faz parte de nós, homens. e tudo bem se fizer parte de algumas ou muitas mulheres.

voltando ao assunto.

vou explicar isso do modo mais senso comum possível: quando uma criança nasce, eu acredito que o ideal para ela é crescer com perspectivas diferentes de encarar a vida, de encarar as soluções para os problemas. um menino precisa entender o lado das meninas e aprender isso com a mãe.

mas isso significa que casais gays não podem dar uma educação ideal? não, não significa isso.

quero lembrar, de novo, que o assunto desse post é um desabafo meu, pessoal, de homem, de pai, sobre ser pai. acredito que quaisquer tipos de casais podem educar crianças e estas podem ser felizes.

o que estou dizendo é que para mim, uma criança precisa de perspectivas diferentes no ambiente em que será educada.

como ela vai conseguir essas perspectivas é outra história (dentro de casa, na igreja, na escola, na fazenda…).

desviando do assunto um pouco

ela pode, por exemplo, ser criada por um homem e uma mulher mas estudar numa escola só de meninas (ou meninos).

fato que não acho interessante. isso porque acho, exatamente, que a diversidade é o ambiente ideal para o desenvolvimento de crianças.

e essa diversidade deve estar no seu ambiente de socialização (escola, parques, rua, calçada, programas de tevê, filmes, em casa – se possível – e em todos os outros ambientes socioculturais).

além disso, a diversidade deve ser de tudo: cultural, étnica, socioeconômica, de gênero etc.

outra coisa: é interessante para a criança ver (em casa, se possível, ou fora de casa) que uma parceria homem e mulher pode dar certo, que um homem pode tratar uma mulher com respeito. e ele pode ver o pai dando (bom) exemplo.

o contrário também.

uma menina pode entender porque os homens são tão bons em esconder suas inseguranças (isso não é um elogio aos homens), e porque parecem mais imaturos, mesmo quando têm a mesma idade das meninas.

elas podem entender, mas não precisam aceitar. entender ajuda a resolver, só isso. ajuda a achar um jeito melhor para resolver ou evitar que o problema surja.

Pai: o que é ser bom nisso? – voltando ao assunto de novo

é isso o que quero dizer. será que eu posso ser um bom pai se eu conseguir mostrar como são os homens, os bons e os maus? não sei. talvez mostrando que todo bom tem maldade e todo mau é capaz de bondades.

ou ajudar minha filha a fazer as melhores escolhas pra ela (não é escolha de namorado ou namorada, estou falando de escolhas de como encarar a vida). mas é isso. só posso ajudar. não posso impor.

taí outra coisa difícil de lidar. quando olho minha filha preciso pensar (é uma pergunta, meio longa): estou ensinando isso por que acredito no que estou ensinando ou por que ela é menina?

e se eu tivesse um menino, ensinaria outra coisa, ou ensinaria a mesma coisa, mas de uma forma mais … (completem com a palavra que quiserem)?

eu não sei o que é ser um bom pai

palavras-chichês? ame sua filha, dê carinho, blá, blá, blá…

eu não sei o que é ser um bom pai. mas sei que as pessoas, pais e mães, são seres humanos, que vivem numa sociedade injusta, machista, cada vez mais reacionária, que vê fantasmas em tudo.

esses pais e mães são vítimas e cúmplices de uma sociedade que devora o tempo e o regurgita como um aplicativo para que você o compre e use-o.

essa sociedade demite você, diz que você está desatualizado, diz que tem de mudar tudo de novo, não te aceita mais por você ser bom demais, experiente demais, inteligente e crítico demais.

depois, essa sociedade diz que você tem de se adaptar ou ficará para trás. pais desempregados. um pai. ou uma mãe.

a pessoa que não é desatualizada…

…que sabe que pode dar muito profissionalmente, quando se vê sem trabalho durante muito tempo, começa a se desesperar. contas, dívidas. falta de confiança em si mesma. essa pessoa fica sem paciência. pode entrar em parafuso.

e talvez seja um pai, ou uma mãe, pior do que era antes. como estou falando de pais, homens, vou continuar por aí.

um pai desempregado numa sociedade patriarcal significa fracasso. um bom pai, fracassado, não sorri. não tem paciência. essas duas coisas são fundamentais para você suportar e saber resolver as adolescentices de uma criança pequena.

sem paciência, você não pensa em coisas criativas para evitar que sua filha dê chiliques. não tem mais aquelas ideias de antes, não fica mais calmo quando ninguém está. você, pela primeira vez, grita pra sua filha e diz que ela é chata.

algo que você prometeu pra si mesmo nunca fazer, anos antes de ter uma filha.

Pai: o que é ser bom nisso? – sua filha sorri pra você ao dizer algo bobo…

…algo de criança, e você não sorri de volta porque ainda está pensando na choradeira boba que ela fez minutos antes. porque você quer ensinar a ela como ser mais durona, menos egoísta, mesmo ela nem tendo feito quatro anos ainda.

talvez você esteja certo no remédio, mas suas doses começam a ser exageradas. as pessoas começam a olhar pra você com uma cara diferente.

sua mulher te olha como se você fosse (bom, você não sabe como ela está te olhando, você deduz que ela te olha como um monstro porque é assim que você se sente).

eu interpreto o olhar das pessoas de acordo com a insegurança que eu tenho no momento. é assim que somos.

como posso ser um bom pai…

…em todos os momentos da vida da minha filha se nem sempre estarei feliz?

quando não estiver feliz, quando estiver com raiva, frustrado comigo mesmo, nesse momento, como posso ser um bom pai? ah, vocês vão ficar com raiva de mim, mas não respondam minhas perguntas usando Deus, ok?

quero respostas…

…que venham de mim mesmo, ou dos outros, mas não de religião (não sou obrigado a ter essa ou aquela religião).

na verdade, não acredito numa resposta. eu acreditava num mito (não, deus-me-livre, não é aquele a quem chamam de mito… é o significado original de mito).

o mito que eu acreditava: o de que as pessoas revelam seu eu verdadeiro em momentos de crise.

agora acho isso bobagem:

as pessoas, na verdade, revelam quem são o tempo todo. nós somos muito mais complexos pra nos revelarmos apenas em momentos de crise.

nós temos partes de nós que quase nunca usamos, outras partes que provavelmente nunca usaremos – porque só servem para momentos que podemos nunca passar – e isso quer dizer que as partes que mostramos nos momentos bons, também fazem parte de nós.

isso também somos nós:

somos tudo isso e mais. se sou bom quando tudo está bem e sou mau quando tudo está mal, quem eu sou? os dois, claro. o inverso também. há pessoas que são boas nas duas situações. ótimo!

talvez meu critério para ser bom pai, ou mau, esteja rigoroso demais. mas penso que um bom pai precisa estar feliz para ser um pai bom. feliz consigo mesmo.

o que é – realmente – ser um bom pai?

eu não sei o que é. e acho, também, que não sei como é ser um bom pai. a única conclusão possível, para mim, é que o bom pai tem de estar presente (e atuante). a presença é fundamental.

mas, também, aconselho que você busque, sei lá, a felicidade perdida que havia em você. e depois que a encontrar, espero que possa sorrir de volta quando sua filha sorrir pra você.

quantos erros preciso cometer para ser um bom pai…

 

quer saber mais do que faço neste site, além de poesia, crônicas, contos, jornalismo e artigos e …?
Pai: o que é ser bom nisso? - Sempre uso trechos de textos meus, como desse livro de contos de Fábio de Amorim, Os suicidas e outras histórias. Temas variados, para maiores de 16 anos.
Pai: o que é ser bom nisso? – Estas são as capas do meu livro: uma versão digital e uma versão impressa sob demanda. O conteúdo é o mesmo! Sempre tiro textos meus para dar minhas aulas. São contos. Tem histórias sobre crianças…

Além de reflexões sobre educação ou desabafos (como nesse post Pai: o que é ser bom nisso?), também falo de aulas de redação, literatura e interpretação de textos, estou escrevendo um livro – Autoconhecimento na Prática.

e tenho outro, este de contos, que se chama Os suicidas e outras histórias <= clique no link e compre a versão digital -, tenho outras coisas, como cursosautoconhecimento, comunicação, oratória, redação (curso exclusivo).

mas vou falar dos três primeiros aqui (e muito mais do primeiro curso):

Meu cursos são basicamente análise e interpretação de discursos, tanto em oratória, quanto em comunicação quanto em autoconhecimento. Porque isso está ligado nos três cursos.

Eu uso literatura, filosofia e cinema para analisar a cultura digital atual. Vou desconstruindo conceitos, os reformulo e mostro que nada é o que parecer ser e que nós menos ainda. Enfim, essa é a base.

como assim?

Quanto ao que cada aluno vai aprender depende do conhecimento dele. Eu simplesmente parto de onde ele está. Por isso, no dia da aula experimental, farei duas coisas.

Mostrarei onde pretendo chegar e como farei isso. Um diagnóstico do quanto o aluno sabe de cada curso entra na segunda parte.

Além disso, farei perguntas simples, como, por exemplo, como ele define o que é beleza. Espero a explicação e aí eu já desenho o perfil cultural do aluno.

E as aulas…

…os textos e a complexidade das aulas vão de acordo com o nível dele. O tempo do curso depende da disponibilidade do aluno, mas eu vou pedir no mínimo 3 horas de estudo semanais (cada aula online por uma hora e meia).

Então, eu não faço milagres, não vendo milagres, não acredito em milagres, por isso, na aula experimental digo que o curso pode levar meses (cada aula, um tópico mais ou menos).

E os tópicos (do curso de autoconhecimento) são… peraí… clique aqui que eu mostro a grade de autoconhecimento.

é isso. abraços.

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