Memória (de amor) só contém três versos. Eu os releio inúmeras vezes e parece que me dizem coisas diferentes a cada relida. Depois, lendo de novo, parece que me dizem as mesmas coisas, mas eu é que não queria ouvi-los. Enfim, Memória (de amor) é sobre a angústia de não querer esquecer, é sobre aquilo que no filme Blade Runner (1982) os androides mais valorizavam: a memória, “a coisa” que nos torna humanos.
Memória (de amor) é sobre não esquecer uma paixão e compara com o ato de escrever. Por outro lado, Memória (o coração), é uma obra da extraordinária pintora Frida Kahlo (1907-54). Memória é algo fundamental para uma mente cheia de traumas, como por exemplo, a de Frida. Desse modo, não faltavam memórias, especialmente de amor para ela. E uma das coisas que costumava retratar era a si mesma, além de todas as suas angústias, físicas e emocionais. Esta, em especial, é uma reflexão da artista sobre a relação que seu marido, o pintor Diego Rivera, teve com a irmã de Frida, Cristina Kahlo. Eu sei, meu poema, memória (de amor), não chega a esse ponto tão trágico. Ou talvez chegue, mas sob outra ótica e outro contexto. Ainda assim, tenho uma certeza: de que Frida certamente queria esquecer de Diego Rivera. Mas minhas paixões (escrever, por exemplo) eu não quero esquecer, não.
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