Fôlego é um baita beijo. Porque é uma boca sensacional, no formato, na textura. Ou seja, é a melhor boca. Mas como representá-la visualmente? Preferi, esconder, deixar no mistério, ou apenas para a imaginação de cada um. Os amantes, da obra de Magritte, estão confortáveis com a situação de terem suas cabeças cobertas por capuzes enquanto ensaiam um beijo de cinema clássico. No meu poema, Fôlego, o poeta ainda está sonhando com o beijo naquela boca perfeita, mas talvez haja um metafórico capuz impedindo-o de realizar esse desejo. Leiam e, se puderem, o façam em voz alta. Coragem, ninguém vai rir de vocês!
Fôlego é um poema sobre um beijo. Os amantes II (1928), de René Magritte (1898-1967) trata de dois amantes armando um beijo em pose clássica de cinema, mas ambos usam capuzes brancos em suas cabeças. Assim, tanto o poema quanto a pintura de Magritte buscam a estranheza (o dele mais do que o meu, claro). E esse desconforto, então, é provocado por uma cena comum preenchida por detalhe incomum. Desse modo, na pintura temos os capuzes, assim como no meu poema temos a estrutura e a escolha de algumas palavras). É isso. Fôlego pra vocês…
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